Tem surgido uma geração que não escolhe entre ganhar dinheiro e fazer a diferença no mundo. Jovens empreendedores em negócios sociais, visionários que trabalham com problemas concretos e veem oportunidades onde outros não veem.
Com o uso da tecnologia e a disseminação de tablets e smartphones na educação desde as séries de educação básica, tem surgido no mercado vários games, aplicativos e softwares que facilitam a alfabetização das crianças. Esses programinhas interativos têm desempenhado importante papel não só nas primeiras palavras como desenvolvem habilidades de leitura e escrita assim como também facilidade de busca pelo conhecimento. Como embaixadora CHOICE, da Artemisia Negócios Sociais, a maior rede de universitários engajados em negócios de impacto social, tive a experiência de conhecer uma startup na área de tecnologia e educação, o Meu Tutor (www.meututor.com.br). Ela é incubada pela Universidade Federal de Alagoas em Maceió e pretende lançar a primeira versão comercial do software esse ano. A proposta é disponibilizar online um processo de aprendizagem que desperta no aluno a busca pelo conhecimento completando missões de aprendizado que liberam o conteúdo em vídeo e questões seguindo um roteiro de dificuldade dos assuntos conforme se passa de fase. Ainda possibilita o usuário acompanhar com seus amigos da plataforma o rankeamento de seu desenvolvimento, estimulando a interatividade, garantindo a motivação e solucionamento de dúvidas.
Isso é ciência, já dizia o pai da indústria dos videogames, Nolan Bushnell, fundador da Atari, sobre as plataformas embasadas em games para a transformação da educação; “os games são viciantes porque são máquinas de felicidade, você se sente realmente feliz quando passa de fase.”
O aproveitamento do ensino pode mudar com o auxílio do Meu Tutor, que estimula o aprendizado com algumas metodologias de games. Dos empreendedores, cinco são professores e alunos da UFAL, a equipe também é composta por profissionais experientes do mercado de tecnologia de São Paulo e da Universidade de São Paulo (USP), e em visita a startup pude conhecer parte da equipe, Endhe Elias, Rafael Didoné, Marcelo Nunes, Olavo Holanda, Thyago Tenorio, Wilkson Vilaça e Ig Ibert Bittencourt, todos com a meta transformar a educação a partir do que podem oferecer.
Esse dia me fez refletir sobre até onde podemos fazer para mudar o mundo. Sempre tive a curiosidade de encontrar uma startup em fase inicial, naquela fase em que o projeto já está pronto, em que se visa escalar o produto e buscar investidores. Lembro que quando perguntei a Ig Ibert o que o motivava levar o Meu Tutor como seu projeto, era que apesar das dificuldades existentes, há sim esperança, há possibilidade e há gente atuando para ver uma transformação na educação brasileira.
Vivemos sabendo da existência de muitos problemas na educação, mas o que se pode fazer para mudar essa situação ao invés de apenas falar onde estão os erros? Porque só identificar um problema social qualquer um pode fazer, o que o mundo precisa são de soluções. O Movimento CHOICE tem me possibilitado descobrir como existe uma geração motivada a impactar socialmente.
Uma outra experiência como embaixadora é que estive com amigos universitários surdos e ouvintes em uma visita à Hand Talk (http://www.handtalk.com.br/), que é uma startup que desenvolve uma solução digital que converte textos, imagens e áudios para LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais. E pude sentir a empolgação dos fundadores que uniram suas habilidades e interesses para solucionar uma necessidade do mundo. Desde então encontraram prazer na jornada, um propósito de vida. Era notável o brilho em seus olhos.
Thadeu, um dos criadores da Hand Talk em entrevista para a Época falou como tudo surgiu: "Ronaldo teve a ideia quando ele ainda era estudante de publicidade. Numa aula, um professor pediu para os alunos criarem um produto qualquer. Ronaldo imaginou um programa para computador que traduzisse textos para a linguagem de sinais, usada por surdos e mudos. Cinco anos depois, em 2012, Carlos fez um curso de programação para os sistemas de celular. Ele e Ronaldo resgataram a ideia do tradutor. Para colocá-la em prática, precisavam de um animador. Nessa época, eu (Thadeu) tinha acabado de voltar de um curso de animação no Canadá. Nos juntamos.”
Foi um dia semelhante ao CHOICE Day onde os jovens foram estimulados à desenvolver um negócio social. Quem sabe algo inovador estaria surgindo com força de colocar em prática assim como a ideia inicial do “tradutor para LIBRAS”.
De acordo com o informativo publicado pela Assessoria de Comunicação da Secretaria Municipal de Educação (Semed) o aplicativo “Hugo” será um aliado na comunicação entre o aluno, sua família e o professor durante o processo de ensino-aprendizagem. Dentro desse contexto, o Hand Talk surgiu desenvolvido por jovens de Maceió que tinham uma vontade de fazer algo significativo no mundo. Através do projeto, o usuário poderá converter imagens, textos de livros, jornais, revistas, SMS e sites para a LIBRAS, além de poder entender normalmente o que as outras pessoas estão falando através da ferramenta de conversão de áudio. Tudo isso com o auxílio de um intérprete virtual, o Hugo, um personagem em 3D.
É certo que tem surgido uma geração que não escolhe entre ganhar dinheiro e fazer a diferença no mundo. Jovens empreendendores em negócios com potencial de mudar vários aspectos sociais. Mas no caso do Hand Talk, você pode me perguntar de onde vem o “ganhar dinheiro”. O produto será disponibilizado gratuitamente ao público para que milhares de pessoas tenham acesso, eliminando a barreira de comunicação, fazendo despertar nos sites e outras plataformas serviços personalizados ao obterem essa ferramenta, daí é que surge o lucro, eles vão pagar para possuir o serviço em sua plataforma, no entanto terão mais gente acessando suas informações. O resultando será um impacto positivo em alta escala para todos.
Recentemente o Hand Talk foi eleito pelos jurados do WSA-MOBILE, evento organizado pela ONU (Organização das Nações Unidas) como um dos cinco melhores aplicativos do mundo na categoria “Inclusão Social”. Depois de vencer o concurso de Startups DemoDay-AL, e depois de ser escolhido como o mais inovador do Brasil na Rio Info, um dos maiores eventos de Tecnologia do país.
Sim, a ideia que surgiu em uma sala de aula quando um professor pediu para que os alunos criassem um produto. Aquela ideia permaneceu com força e foi colocada em prática. Os empreendedores em negócios sociais são os visionários que trabalham com problemas concretos e vêem oportunidades onde outros não veem nada, combinam suas habilidades profissionais para melhorar a vida das pessoas e conquistar mudanças sociais, são os inovadores que deixarão sua marca na história. O que você faz com suas ideias? Escondê-las é a pior escolha. Como embaixadora CHOICE tenho aprendido que é preciso nos posicionarmos e mostrarmos nossa alma para mudar o que já é possível transformar e desenvolver. É fazer valer a transformação que buscamos, e por que não nós, jovens universitários, empreendedores brasileiros?
Fonte: Administradores